Cloud Computing, este conceito nasceu com a ideia de que centralizar todo o processamento em computadores centralizados era de alto custo e trazia uma série de dificuldades para que se pudesse dar recursos computacionais aos usuários (O conceito dos antigos Mainframes). Com o desenvolvimento do conceito de Client/Server surge a computação distribuída que permite então ampliar os recursos aos usuários.
Virtualização
Passando então pelo conceito de colocar servidores conectados entre si nas máquinas (Cluster Computers) e seguindo para o que realmente revolucionou o uso do ambiente distribuído que foi o conceito de virtualização (Conceito já existente nos mainframes (Ex. VM da IBM)) que permitiu a utilização de servidores e storage (armazenamento) virtuais, ou seja, como se cada usuário possuísse um computador físico porém ele em realidade compartilha os recursos físicos dos servidores entre eles. Esta virtualização cresceu e atingiu também a área de redes de telecomunicações o que passou a permitir um conceito de compartilhamento de recursos computacionais e de rede universal, ou o Cloud Computing.
Associado a isso surgem os contextos de comercialização de SW por pagamento de uso ou o SAAS (Software as a Service) que amplia os horizontes do que chamamos de Cloud Computing.
Definição
Logo, Cloud Computing ou Computação em Nuvem em definição é a possibilidade de uso de recursos computacionais (principalmente processamento e armazenamento) sob demanda, ou seja se paga de acordo com o serviço que se utiliza, podendo diminuir ou aumentar a medida de nossas necessidades, muitas vezes associada a conexão via internet.
Também importante notar que os recursos computacionais físicos deixam de pertencer a empresa cliente (ela somente paga pelos serviços), incluindo os aplicativos e sua manutenção.
Formas de Computação em Nuvem
São três formas de operação em Cloud:
IAAS (Infrastructure as a Service)
PAAS (Platform as a Service)
SAAS (Software as a Service)
O IAAS é basicamente o uso de recursos computacionais como serviço (Infraestrutura) permitindo a redução de custos de investimento e trazendo isso para custos operacionais, além de ter a escalabilidade e a flexibilidade que não se teria no ambiente físico proprietário da empresa cliente.
O PAAS, cujos benefícios são os mesmos acima, permite compartilhar plataformas cujo ferramentas de Software de Desenvolvimento, Big Data, Interoperabilidade, Segurança, etc.
Já o SAAS traz o compartilhamento dos aplicativos também com os mesmos benefícios acima.
A área de saúde já é hoje bastante afetada pelos serviços Cloud, quais as razões pelas quais as empresas de saúde estão buscando estes serviços?
O principal é custo, ou seja redução de custos, seguido pela escalabilidade, o uso de ferramentas de streaming, de manipulação de imagens, uso de Big Data (ex. Gestão de Saúde Populacional), ferramentas de Inteligência Artificial, a capacidade de interoperar dados (Information Exchange), e principalmente usar aplicativos em Cloud (ex. HIS).
1- Preocupações e Recomendações na Saúde:
2- Capacidade de customização dos aplicativos reduzida
3- Dados dos pacientes e dos médicos ficam na nuvem ou seja, fora do ambiente da instituição e isso preocupa em termos de privacidade e segurança
4- Na questão da segurança a LGPD também afeta a preocupação de uso de Cloud no mercado de saúde.
5- Aliás controles sempre serão necessários do lado do usuário para garantir que mesmo que o provedor de Cloud não esteja completamente alinhado com as regras de segurança de informação e privacidade necessárias (Recomenda-se fortemente ler as regras criadas pelo HIPAA americano para este fim no uso de computação em Cloud, e checar se realmente o provedor está trazendo este tipo de implementação em seu Cloud (não basta somente ele falar que está em compliance, há que se checar a certificação)
Tendencialmente no mercado como um todo e a saúde não escapa disso, teremos ambientes híbridos, onde parte dos recursos computacionais físicos serão de propriedade da empresa cliente e parte será oferecida como serviço através de um provedor de computação em Cloud, o que exigirá preocupação de integração e interoperabilidade
6- Idealmente, a escolha de que aplicações, plataformas e infraestrutura consequente serão levadas para a nuvem, deverá seguir um planejamento feito pela área de TI das instituições com o foco de avaliar custos, questões de segurança e confiabilidade, necessidades de informação e interoperabilidade, dentre outros. Este é um projeto tipicamente de consultoria que faz um “Gap Analysis” para avaliar este contexto.
Imagens Médicas na Nuvem
As demandas na área de imagens médicas são várias e por isso a área pode ser considerada uma das precursoras de utilização de Cloud Computing na área de medicina diagnóstica. Características importantes incluem:
1- Escalabilidade – O volume de imagens médicas é crescente e exponencial a medida em que se atualizam os equipamentos de imagem, ou novos equipamentos surgem (Es. Tomossíntese mamária que consegue imagens de todo o campo mamário não mais focando em um corte planar ou de arco)
2- Gestão Tecnológica – Nem todo mundo que investe em equipamentos médicos consegue ter uma estrutura de TI e gente para administrar os equipamentos e Softwares daí inerentes
3- Evolução Médica – Hoje em dia muitas imagens são guardadas em um storage chamado de hot ou seja, disponível em tempo real para que os médicos de instituições possam acessá-las. Porém, este período de guarda muitas vezes é muito curto, já que pelos altos custos do storage, imagens depois de alguns meses são transferidas destes storages para mídias que não ficam disponíveis a muitos médicos. (Já se ouviu a frase de um médico dizendo que depois de um tempo a TI jogou as imagens fora).
Desta forma, com o armazenamento na nuvem há uma redução de custos de investimento permitindo um maior período de manutenção das imagens à disposição do médico. O pior de tudo é que não se leva em conta os altos custos de ter que repetir imagens já feitas para acompanhar o paciente e a segurança do paciente que fica exposto a mais radiação fora o trabalho de ter que fazer de novo os exames.
4- Imaging Analytics – O uso do Cloud permite uma maior capacidade de distribuição e armazenamento de dados permitindo que se possa fazer uso de técnicas avançadas de análise de imagens como Big Data, Radiomics e Machine Learning.
5- Garantia de Padrão – Também é bastante interessante pensarmos que o ambiente DICOM de imagens pode ser mais controlado se tivermos uma interoperabilidade nas mãos de um provedor único de imagens médicas em Cloud.
Alguns Números do Mercado
Hoje em dia quase 50% (ou seja, a maior parte) dos serviços contratados em nuvem na área de saúde estão focados em aplicativos (SAAS), tipicamente HIS, RIS e PACS, dentre outros.
O mercado, segundo pesquisas da Markets and Markets, deve chegar a quase 45 bilhões de dólares saindo de um mercado estimado de quase 19 bilhões de dólares em 2018.
Recentes estudos feitos no mundo, mostram um astronômico crescimento do uso de dados conforme estudos realizados pelo Data Never Sleeps Report:
1- Em 2020 estima-se que para cada pessoa no planeta, serão criados 1.7 MB de dados a cada segundo.
2- 90% de todos os dados existentes hoje, foram criados desde 2015 sendo de 2.5 quintilhões de bytes por dia
3- Em cada minuto em 2019, usuários do Instagram postam 277,777 stories e mais de 50.000 fotos, são enviados 188 milhões de e-mails, 4.4 milhões de pesquisas no Google, e 700.000 horas de vídeo no Netflix.
Logo, o crescimento de informação e dados é muito grande e os grandes provedores de Cloud tem que ocupar grandes espaços para seus recursos e ampliar sobremaneira seus custos de infraestrutura para poder atender as necessidades do mercado, mas seria muito pior se tivéssemos que fazê-lo somente em nossos próprios ambientes computacionais.
Uma recente pesquisa israelense começa a fazer surgir uma nova ideia de armazenamento de dados sem custos de manutenção e preparada para garantir o armazenamento necessário para este crescimento. É o uso do DNA como meio de armazenamento.
Com relação a segurança, o uso de blockchains e a possibilidade de ao invés de ser controlado pelas instituições, ter um controle centralizado pelo provedor, pode facilitar o uso de soluções de segurança de informação mais rígidas e mais robustas que as atuais que estão nos ambientes internos delas (on-premises).
Com certeza teremos muitas coisas a se ver em termos de tendências e de facilidades de computação disponíveis as nossas instituições no futuro.