Após a saúde 4.0 ter conectado a tecnologia com a área médica, a saúde 5.0 veio para englobar ainda mais inovações e para fazer com que o paciente se torne o centro do processo.
Enquanto sociedade, estamos evoluindo a passos largos rumo a um futuro mais tecnológico, com uma imensa quantidade de dados e inovações sendo geradas em uma velocidade impressionante. Mas a inovação, por si, não basta para que mudanças profundas surjam. Para tanto, é fundamental que a chegada de novas tecnologias esteja intimamente ligada aos seres humanos envolvidos no processo.
Esse é justamente o objetivo da Saúde 5.0, que propõe usar dados e novas tecnologias de uma maneira mais humanizada. Para tanto, a ideia principal é colocar o paciente no centro do processo e, junto a isso, utilizar o que há de melhor e mais recente em inteligência artificial, robótica, telemedicina e demais novidades do mundo tech.
Entenda a seguir como essa mudança de paradigma, que coloca o paciente em um local ativo e de destaque, pode trazer benefícios para todos, salvar vidas e democratizar o acesso à saúde.
O que é saúde 4.0
Para uma melhor compreensão do que é a Saúde 5.0, é preciso olhar antes para o movimento Saúde 4.0. Essa versão foi a responsável por colocar o mundo tecnológico, de modo significativo, dentro das instituições de saúde, atendimentos e exames. Foi na Saúde 4.0 que nasceram inovações transformadoras como a telemedicina, a digitalização de prontuários e procedimentos, a análise de exames por inteligência artificial e a telerradiologia.
Essa virada tecnológica permitiu que a saúde fosse democratizada e que a sua área de atendimento crescesse, chegando, com grande sucesso, a locais fora dos grandes centros urbanos. “Aquela parcela da população, que antes não tinha acesso a determinadas especialidades, começa a ver uma luz a partir da telemedicina. Exames, antes complexos, agora são analisados por equipes multidisciplinares, a partir de dados armazenados na nuvem” explica Jihan Zoghbi, presidente e fundadora da healthtech Dr. TIS.
Entretanto, apesar das novidades, a medicina segue enfrentando desafios hercúleos. Afinal, ainda há limitações técnicas e financeiras que impedem a implementação completa da Saúde 4.0.
Sendo assim, não há motivos para se considerar a Saúde 4.0 obsoleta, uma vez que ela ainda não é acessível a todos. Além disso, seu advento foi uma enorme transformação tecnológica e social, ainda muito relevante no cenário contemporâneo. Isso não significa, contudo, que a área médica não possa seguir progredindo e, com os aprendizados adquiridos, ser capaz de desenvolver a Saúde 5.0.
Saúde 5.0: conectividade e o paciente no centro de tudo
Se a versão 4.0 trouxe um valioso salto tecnológico para a área da saúde, a versão 5.0 segue pelo mesmo caminho, buscando agregar sempre novas tecnologias. A principal diferença entre as duas está no direcionamento do foco do atendimento. Na saúde 5.0, o foco está no paciente, que se torna o centro de todo o processo.
Assim sendo, a Saúde 5.0 tem como objetivo continuar agregando novas tecnologias para o setor da saúde, porém agora com um novo escopo: conectar as informações obtidas em toda a jornada do paciente e colocá-lo como grande protagonista desse processo.
Um dos grandes objetivos da Saúde 5.0 é o de promover um atendimento no qual as decisões médicas sejam baseadas em dados. A principal vantagem dessa abordagem é que os profissionais de saúde, mais do que nunca, podem ter uma visão global dos dados desse atendimento. Assim, eles têm a oportunidade de pensar os tratamentos e possibilidades a partir dessas informações, bem como da interação com outros profissionais e com o próprio paciente, que pode participar toda a sua jornada.
Porém, transformar informações obtidas em tratamentos, por exemplo, não é uma tarefa simples. Para alcançar esse resultado, é essencial que todas as informações captadas e armazenadas sejam cuidadosamente processadas.
Ainda neste âmbito, é imprescindível que todas essas informações e dados médicos obtidos em consultas, internações e exames sejam armazenados de modo criterioso, seguro e adequado ao que é exigido em lei.
Cada um desses pontos-chave compõem o conceito de Saúde 5.0. De maneira resumida, pode-se dizer que a Saúde 5.0 chega para colocar o paciente como o principal foco dos processos de saúde. Mas, vai além, ao oferecer opções de tratamentos e soluções baseadas em dados obtidos ao longo dos anos, selecionados especialmente para cada caso. Com o avanço da tecnologia, é cada vez mais realista a possibilidade dos pacientes serem monitorados remotamente durante seus tratamentos. Essa, por sinal, é a grande promessa dos chamados ‘dispositivos wearables’ que enviam, automaticamente e em tempo real, informações para a equipe de saúde.
Portanto, a Saúde 5.0 não existe sem o ‘big data’ – a capacidade de transformar inúmeros dados obtidos em informações relevantes e seus respectivos processamentos. A conectividade, por sua vez, é outro conceito que também não pode ficar de fora da Saúde 5.0.
A seguir, você poderá compreender com mais detalhes a relação entre conectar uma grande quantidade de dados e oferecer soluções personalizadas que trarão autonomia de decisão e agência sobre a própria saúde para o paciente.
Conectividade como cerne da saúde 5.0
O principal ponto de partida da Saúde 5.0 foi a capacidade que a tecnologia trouxe de conectar diferentes sistemas e dispositivos. Esses ‘diálogos’ permitem monitorar e orientar pacientes, médicos e enfermeiros ao transmitirem informações em tempo real e com segurança.
Graças a essa conexão, é possível criar um ambiente mais assertivo em todas as etapas da jornada do paciente, que se torna mais ágil, segura e com melhor qualidade. Para que essa troca de informações tenha maior sucesso, é possível contar com muitas opções, como é o caso dos dispositivos vestíveis, mais conhecidos como ‘wearables’. Esses aparelhos são capazes de monitorar o paciente em tempo real, aferindo suas condições e repassando para a equipe médica. Tudo isso pode ser feito remotamente, ou seja, não exige que o paciente esteja dentro da instituição de saúde para que esse acompanhamento ocorra.
Com o uso adequado destes dispositivos, a Saúde 5.0 poderá acompanhar, de modo preciso, pacientes após cirurgias ou internações, evitando ocupar leitos desnecessariamente e permitindo que a pessoa se recupere no conforto da sua casa. Ainda há outros benefícios, como reduzir o risco de infecções hospitalares, reduzir o período médio de internações, além de gerar economias financeiras, tanto para as instituições de saúde, quanto para o paciente.
As vantagens do monitoramento remoto e da conectividade com sistemas e profissionais de saúde ainda podem favorecer pessoas com condições crônicas de saúde. São casos que poderão ser monitorados constantemente e, com o auxílio da inteligência artificial, a equipe de acompanhamento poderá receber alertas em situações que exijam acompanhamento médico ou hospitalar, via telemedicina ou de modo presencial.
A comunicação entre profissionais também fica favorecida, permitindo trocas seguras e rápidas entre diferentes especialidades. Essa prática traz um panorama mais sistêmico e amplo das condições de cada paciente.
Portanto, a Saúde 5.0, junto com padrões pré-estabelecidos e acompanhados por inteligência artificial, poderá auxiliar na empreitada de salvar vidas, economizar recursos e ainda reduzir a estadia ou visitas desnecessárias aos centros de saúde.
O ser humano no centro da jornada
Junto com a conectividade, outra importante abordagem da Saúde 5.0 é a priorização do paciente, que é visto como o centro de todo o processo. Nessa nova maneira de lidar com a saúde, o paciente deixa de apenas receber recomendações e torna-se um agente ativo em busca do seu bem-estar.
Logo, é importante que as informações que foram obtidas ao longo do seu histórico, como o resultados de exames e o seus prontuários, estejam à disposição de maneira fácil e organizada. São elas que irão ajudar a montar um ‘quebra-cabeça’ sobre suas condições de saúde, mapeando opiniões de diversos especialistas e entregando possibilidades de tratamentos e prevenções.
Assim, com o auxílio da tecnologia e do gerenciamento de dados, as chances de se propor um tratamento eficiente e que terá a real adesão do paciente aumentam significativamente. “É essencial criar a consciência de que novas ferramentas estão deixando de ser luxo para se tornarem eficazes na prevenção e na qualidade do atendimento” explica Jihan.
Colocar o paciente como protagonista na promoção da sua saúde pode requerer uma mudança de cultura e exigir uma escuta ativa dos profissionais de saúde. Afinal, a proposta é que o paciente atue em conjunto com os demais agentes de saúde para definir as melhores práticas e garantir melhorias em sua qualidade de vida. Os resultados, todavia, compensam e, ainda, auxiliam na fidelização do paciente, que, ao se sentir contemplado, pode se mostrar mais disposto a agir em prol do seu bem-estar.
De modo resumido, pode-se dizer que o compartilhamento de informações com todas as partes envolvidas, sem dúvidas, resulta em um tratamento mais eficaz, além de proporcionar ao médico todos os dados referentes ao paciente, de maneira fácil e intuitiva. Um ganho enorme para todas as partes, capaz de salvar muitas vidas.
A importância do big data
Os ganhos de se alinhar tecnologia com saúde já são óbvios. Graças a esse casamento bem sucedido, exames que antes eram complexos, agora são analisados por equipes multidisciplinares a partir de dados armazenados na nuvem. Especialistas, que há poucos anos eram inacessíveis ou exigiam grandes deslocamentos para quem está fora dos grandes centros, hoje podem atender seus pacientes e fazer laudos de qualquer lugar do mundo.
A tecnologia, portanto, é peça fundamental na democratização do acesso à saúde. Mas, apesar dessa enorme evolução, ainda há muitos desafios na área. Um deles, por exemplo, é a unificação e a organização dos dados obtidos ao longo da jornada do paciente.
Nesse sentido, é preciso contar com a big data. A área é a responsável por capturar, analisar e interpretar um grande volume de dados vindos de diferentes fontes para, assim, identificar as características semelhantes dentro de um mesmo grupo. Na saúde, isso significa viabilizar e antever possíveis complicações, além de monitorar a eficácia de tratamentos. Portanto, não basta coletar dados, é preciso processá-los com o auxílio de especialistas da área de TI e estatísticos.
Os resultados dessa parceria são promissores, trazendo precisão, velocidade, menores custos e promovendo o aprendizado contínuo na área da saúde.
Alguns exemplos dos avanços que são possíveis de se alcançar com digitalização e organização dos dados são:
- Detectar doenças por reconhecimento de imagens;
- Gerar análises preditivas de doenças, scores de risco, pré-diagnósticos, além da probabilidade de ocorrência de sintomas;
- Realizar diagnósticos mais precisos;
- Permitir discussões e opiniões multidisciplinares, contando com especialistas de diversos locais;
- Conectar e monitorar pacientes remotamente, possibilitando a criação de alertas automáticos em caso de urgência;
- Acompanhar tratamentos detalhadamente, mesmo à distância;
- Utilizar gadgets e wearables como aliados no tratamento e monitoramento de pacientes;
- Realizar procedimentos cirúrgicos mais precisos, rápidos e seguros;
- Inovar em tratamentos com base em dados concretos;
Segurança de dados médicos
Ainda que esse compartilhamento de informações seja imprescindível, é importante ressaltar que dados médicos são sigilosos, protegidos por lei e possuem regras específicas de compartilhamento. Portanto, é fundamental garantir que esses dados sejam compartilhados com criptografia e apenas para fins médicos, garantindo a privacidade do paciente e o cumprimento da LGPD, a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais.
Sendo assim, é imprescindível contar com um sistema que seja tanto inteligente quanto seguro na hora de armazenar dados, garantindo os protocolos mais rígidos de segurança.
Esse é um crescente desafio em toda a área da tecnologia e, na área da saúde, é ainda mais relevante.
Conclusão: a saúde 5.0 traz qualidade de vida com o auxílio da tecnologia
A Saúde 5.0 chega para tornar a conversa entre pacientes e profissionais de saúde menos ruidosa e mais eficaz. Sua principal diferença está em promover a conectividade entre pacientes, profissionais, equipamentos e demais dispositivos.
O resultado é a obtenção de uma medicina mais estratégica, que permite investimentos precoces e menores na prevenção e tratamento de doenças em todas as etapas da jornada de saúde do paciente.
Aliar tecnologias, dados e conectividade tem um grande poder de salvar vidas, democratizar a saúde, conquistar clientes e ainda permitir uma atuação mais estruturada e organizada do exercício da medicina.
Para uma adesão significativa de todos os envolvidos, é fundamental contar com plataformas sérias, seguras e que possuam um uso fácil e intuitivo. O futuro da saúde passa, sem dúvidas, pela criação de novas tecnologias, mas exige também que não se perca o foco do mais importante: a vida das pessoas envolvidas.
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